23 de nov. de 2009

Aprendendo a ser eu

    
Tentando entender tudo e todos,
Afundei num abismo.
Compreendi o mundo,
Mas esqueci de mim.

Toda perda gera culpa.
De não ter feito o melhor.


Mas a vida é um processo onde cada um tem seu livre arbítrio.
E eu, somente eu, sou responsavel por cada segundo da minha existencia.
O momento da mudança é sempre o agora.
É só isto que existe. O HOJE. AQUI.
Tudo o mais é ilusão.
Capítulos de uma novela.

16 de nov. de 2009

O dificil encontro com o "eu"

Em meio ao caos busco um porto seguro.
Juntando os cacos de um eu que se espatifou.
Buscando no outro o que só existe em mim.

Recomeço todos os dias, mesmo sem saber pra onde ir.
E isto importa?
Esqueci do outro. Só lembro de mim.
Sou meu único inimigo.

12 de nov. de 2009

Qual realidade?

"Vocês é que se equivocam em relação a mim, achando que eu não tenho ou não posso ter outra realidade afora esta que vocês me dão, a qual é apenas sua, acreditem; uma idéia sua, aquela que fizeram de mim, uma possibilidade de ser tal como vocês a percebem, como lhes parece, como reconhecem possível em vocês- já que, sobre aquilo que eu possa ser para mim, não só vocês não podem saber nada, mas tampouco eu mesmo".

Luigi Pirandello

29 de out. de 2009

Vem chegando o verão

Já era tempo. O sol começa a brilhar com mais intensidade. Os pensamentos sombrios se vão. Novas perspectivas, novas idéias. O mundo gira.
Como disse meu filho: " Somos tigres querendo viver como abelhas".
O homem, realmente, é um predador.
Em pleno século XXI.

24 de out. de 2009

A solidão amiga



A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

Rubem Alves

(Correio Popular, 30/06/2002)

Caldas da Imperatriz


Água, elemento da vida.
Agua quente, cristalina.
Curativa.
Água gelada. Energia.
Cachoeira.
Muita paz, muito verde.
Passarinhos livres, soltos, cantam o amor.
E eu com minha dor.
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29 de set. de 2009

O Deus Dinheiro

O mundo está louco. Será?
Este grande caos aparente é causado pela ânsia por dinheiro.
O individualismo liberal chegou ao seu ponto extremo.
Só o que interessa é ganhar dinheiro. A qualquer custo.
Para isto se mata e se morre.

Os recursos do planeta são finitos.
Enquanto a ignorancia humana aumenta em progressão geométrica.

Tristes tempos.

25 de set. de 2009

O horóscopo de Montenegro

24/09/2009 - 14:23

Por Marcelo Costa

Nassif,

tem uma entrevista do Montenegro ao Valor Econômico em que ele diz, novamente (como você já colocou num post aqui do dia 30 de agosto), que quem sai na frente um ano antes das eleições presidenciais tem vencido. A entrevista parece um panfleto pró-Serra, ou anti-Dilma. Está no site do Ibope e no Valor só para assinantes. O engraçado é que até ele evita falar mal do Lula, dizendo que o presidente é a parte boa do PT e que a população não quer mais quatro anos do partido no poder.

Clique aqui

Comentário

O conjunto de impropriedades de Montenegro seria apenas uma curiosidade, não fosse o fato de comandar um Instituto de pesquisa cujos resultados interferem no processo eleitoral.

Ele se comporta como o dono de uma agência de análise de riscos que compra ações de determinada empresa a quem compete ele avaliar. O que garante a isenção?

Confira as jóias na análise de Montenegro:

1. Diz que todo candidato que está na frente um ano antes das eleições sai vencedor. Da redemocratização para cá, o Brasil elegeu Collor, FHC 1, FHC 2, Lula 1 e Lula 2. Nessas cinco eleições em duas – Collor e FHC 1 – a regra não contou. Montenegro diz que não vale porque, no caso de Collor era a primeira eleição pós-democratização e, no caso de FHC 1 houve influência do Plano Real.

2. Fiquemos com as três outras eleições – a partir das quais ele criou essa regra “científica”. Em duas delas – FHC 2 Lula 2 – foi reeleição de presidentes ainda populares, algo que muda totalmente a natureza da avaliação. Como pegar duas reeleições e transformar em regra, ainda mais para uma primeira eleição?

3. Com duas exceções e dois casos de reeleição, sobra UMA eleição a partir da qual Montenegro cria a regra científica: a de Lula 1, depois da ampla desmoralização do segundo governo FHC, com José Serra levando em cheio a rejeição ao seu patrono. Ou seja, Serra era o candidato de um presidente detestado. Pode-se levar a sério a comparação com a eleição atual?

Vamos a outros chutes dele:

1. Analisa a rejeição a Dilma e não leva em conta o baixo conhecimento dos eleitores em relação a ela. Admite que a pesquisa vem no embalo de um mês de Jornal Nacional taxando-a de mentirosa, em cima de um episódio não comprovado.Não leva em conta que o crescimento de Ciro se deu no rastro de uma campanha eleitoral gratuita maciça do PSB (a do PT é no final do ano). Fosse um analista sério, teria que avaliar os efeitos da propaganda eleitoral, da economia bombando no próximo ano, do conjunto de obras que Lula entregará no próximo ano. Mas nada disso conta. Ele simplesmente analisa uma pesquisa estática, uma candidata ainda pouco conhecida submetida a um mês de tiroteio em rede nacional. E despreza todas as demais variáveis. Pergunto: é sério?

2. Trata Dilma como “poste”, mostrando total falta de isenção na análise dos dados. O “Bola Nossa” não esconde suas preferências. No entanto, quando o “poste” Alckmin foi lançado candidato, Montenegro previu a derrota de Lula. Ou seja, não foi capaz de avaliar o carisma do mais popular presidente da história. Não se trata de um erro banal. Equivale a um amador ouvir Yamandu Costa e concluir que ele jamais passaria de um violonista de segunda linha. Dá para levar a sério?

3. Esse amontoado de palpites não mereceria a consideração de nenhum analista sério, não fosse a circunstância de que Montenegro comanda o IBOPE, peça fundamental do jogo político brasileiro, pela influência que exerce sobre as decisões de candidatura, sobre as coligações, sobre as contribuições de campanha.

Autor: luisnassif - Categoria(s): Eleições

22 de set. de 2009

Do egoismo

Nos últimos dias acompanho a batalha da pequena Victoria, filha do blogueiro guerreiro Eduardo Guimarães:
edu.guim.blog.uol.com.br

Diante do sofrimento do Edu me sinto muito egoista. Por sofrer com picuinhas e achar que a vida, muitas vezes, é uma droga. Que nada vale a pena. Por não conseguir enxergar a luz.

A vida é frágil. A dor e a alegria, fases. Tudo passa.

Oro por Victoria.

14 de set. de 2009

Economia versus Preservação





Escrito por Danilo Pretti di Giorgi
30-Mai-2009

Os recentes ataques desferidos contra as leis ambientais no Brasil mostram que está, enfim, chegando a hora de enfrentarmos com seriedade e sem esquivas o dilema ‘crescimento econômico versus preservação do meio ambiente’.

Exemplos não faltam, mas o mais chocante vem de Santa Catarina, onde, ironicamente, o desrespeito às leis ambientais foi um dos maiores responsáveis pela tragédia das enchentes no ano passado. A Assembléia Legislativa catarinense aprovou em março um código estadual do meio ambiente que, entre outras coisas, reduz de 30 para cinco metros a área de proteção obrigatória das matas ciliares (vegetação que protege as margens dos rios, com função similar à de sobrancelhas e cílios para os nossos olhos). O tal código estabelece também que toda terra já cultivada no estado seja considerada "área consolidada", o que garante a continuidade de produção mesmo onde ela ocorre ilegalmente em regiões de preservação.

Curto e grosso assim, um exemplo seco de total desprezo pelas mínimas necessidades da vida selvagem em nome de uma aparentemente incontrolável necessidade de expansão da área cultivada. Um detalhe: o código é francamente inconstitucional, pois a legislação estadual não pode ser mais permissiva que a federal equivalente.

Em Brasília, estão tentando reduzir as reservas legais, as áreas que devem ser preservadas nas propriedades rurais (sendo que as porcentagens variam de uma região para outra do país) e há iniciativas para revogar decretos de proteção de dez milhões de hectares em unidades de conservação federais (uma área que corresponde a mais de duas vezes o estado do Rio de Janeiro).

A ofensiva, liderada por políticos da bancada ruralista, tenta também anular os efeitos de recentes iniciativas governamentais para frear o desmatamento, como o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia, que corta o crédito rural de fazendeiros que desmataram ilegalmente, e o decreto 6.514, que prevê sanções administrativas pelo descumprimento do Código Florestal.

Enquanto isso, nove reservas em diferentes pontos do país estão emperradas na Casa Civil esperando autorização, pois o Ministério das Minas e Energia tem interesse nas áreas. Já o Ministério do Meio Ambiente recebeu apenas mil dos três mil novos fiscais que pediu para lutar contra o desmatamento na Amazônia. E a intenção de criar a Guarda Florestal Nacional ficou só na intenção. A lista de ataques não pára por aí, e seria cansativo para o leitor se eu tentasse esgotá-la neste espaço.

Enquanto tudo isso acontece, assistimos, perplexos, ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, elogiar o exemplo catarinense e brincar de vidente ao "prever leis ambientais mais flexíveis no país". Stephanes também tem defendido crimes como a liberação da agricultura em topo de morros e encostas e quer que a compensação de áreas desmatadas ilegalmente possa ser realizada com reflorestamento em locais distantes, até mesmo em outros estados (algo tão absurdo quanto propor que você resolva o problema causado pelo buraco no telhado da sua casa consertando o telhado da casa do seu vizinho). O ministro podia perguntar aos catarinenses que tiveram parentes mortos e casas destruídas pelas enchentes o que acham das suas idéias.

Stephanes está na linha de frente da ofensiva, fazendo ameaças, como a previsão de que, caso não sofra modificações profundas, o Código Florestal inviabilizará "quatro milhões de hectares produtivos, quinze milhões de toneladas de produtos, além de provocar o desaparecimento de milhares de agricultores, propriedades e até de pequenos municípios".

Essa fala do nobre ministro esclarece, portanto, o que a maior parte dos ambientalistas prefere fingir que não vê: ao contrário do que ouvimos muito por aí, meio ambiente e crescimento econômico se chocam, sim, e não são naturalmente compatíveis. É preciso tirar de um para dar ao outro. E é preciso coragem para encarar um debate sobre esse fato, para que se possa questionar o paradigma da premência do crescimento econômico sem fim.

Quando a discussão acerca da questão ambiental se acentua, os defensores da teoria furada do crescimento eterno usam em sua defesa os argumentos da ameaça ao crescimento econômico, aos empregos, à saúde da economia. É neste ponto que os ambientalistas costumam recuar, afirmando ser possível aliar crescimento econômico e preservação, discurso sempre presente na mídia de massa e nos bolsos dos coletes do ministro Minc.

É claro que poderíamos adiar este embate se a elite brasileira não fosse tão pré-histórica em suas práticas nem tão cega para qualquer coisa que não signifique o lucro imediato, com o menor esforço possível e a qualquer preço. Se empresários e ruralistas aceitassem a possibilidade de uma margem de lucro um pouco menor, o choque entre preservação e crescimento da economia poderia ser empurrado para frente, para daqui a dez ou quinze anos, caso houvesse, por exemplo, real interesse na recuperação dos tais 60 milhões de hectares em áreas degradadas, ao invés de desmatar novas áreas. Ou se aplicássemos técnicas para melhor aproveitamento das áreas produtivas. Ou ainda se buscássemos seriamente alternativas para aproveitamento econômico da floresta com atividades verdadeiramente sustentáveis. Ou se pensássemos na agricultura em termos mais amplos, com olhos voltados para todos os tamanhos de propriedades e para a diversificação e não só nas grandes propriedades monocultoras. Ou talvez se enxergássemos a função social da propriedade, tal qual manda a Constituição.

Mas nada disso é mais rentável que simplesmente derrubar mata virgem e tocar fogo, e esse fato singelo faz a conversa terminar por aí quando falamos de capitalismo brasileiro. Mesmo na hipótese da aplicação de opções como as descritas acima, depois de certo tempo o embate entre crescimento econômico e preservação voltará à tona. Não há como fugir disso. Enquanto não tivermos coragem de enfrentar seriamente essa verdade continuaremos a ser presas fáceis daqueles que se aproveitam das brechas nas nossas argumentações para enriquecerem às custas da natureza.

Não é possível que toda vez que alguém fale em "ameaça ao crescimento econômico" os ambientalistas corram para apagar o fogo e tentar apaziguar, apegando-se ao discurso oficial, amparado em grande parte pela sede das grandes ONGs ambientalistas por patrocínios polpudos. É preciso, ao invés disso, que cada um mostre realmente de que lado está, comprando a briga e aprofundando este debate, sem medo de suas conseqüências.

Danilo Pretti Di Giorgi é jornalista.

O réu eterno

Escrito por Gabriel Perissé
31-Ago-2009

É impossível agradar a todos. Sempre serei julgado e condenado por alguém. Serei réu eterno no tribunal da humanidade. Sempre haverá um dedo em riste apontado contra mim. Não é paranóia, é constatação. Posso provar.

Se eu faço perguntas, sou invasivo. Se não faço, indiferente eu sou.

Se eu reclamo das coisas, sou enfadonho. Se não reclamo, acomodado eu sou.

Se eu telefono com frequência, não tenho mais o que fazer. Se não telefono, que belo amigo eu sou!

Se eu ajudo os outros, sou um carente disfarçado. Se não ajudo, inveterado egoísta eu sou.

Se eu publico muitos livros, sou arrivista. Se não publico, improdutivo eu sou.

Se eu não entro em briga, sou covarde. Se eu entro, implicante é o que sou.

Se eu perdôo fácil, sou bobalhão. Se não perdoo de cara, cruel, muito cruel eu sou.

Se eu mudo de opinião, sou inconstante. Se eu a mantenho custe o que custar, doa a quem doer, cabeça-dura eu sou.

Se eu entro no grupo, sou influenciável. Se não entro, anti-social eu sou.

Se eu estou rindo à toa, sou idiota. Se me mantenho sério, também idiota eu sou.

Se eu digo que vou, e no final não vou, sou preguiçoso ou sem palavra. Se eu digo que não vou, mas depois eu vou, além de não ter palavra maluco eu sou.

Se eu quero tudo verificado, catalogado, arquivado, sou obsessivo. Se tanto faz, sou relaxado.

E assim as coisas se desenrolam e me enrolam. Minha decisão te machuca e minha abstenção te aborrece; meu aperto de mão ou é frouxo à beça ou violento demais; quando chego atrasado é terrível, se chego com antecedência, é mania de perfeição... e se me torno pontual, não fiz mais do que a minha obrigação.

Voltado para o futuro, sou um sonhador. Voltado para o passado, um nostálgico incorrigível. Preso ao presente, superficial eu sou. Resta-me sair do tempo, e então serei o perfeito alienado!

Os juízes estão atentos ao menor gesto, à palavra que deixo escapar, à que não deixo, ao movimento do olhar, ao tremor das mãos. Sou punido por ser e por não ser.

Eterno réu, não mereço o céu, o inferno me despreza, o purgatório já me expulsou.

Preciso, com este texto, denunciar os meus juízes. O que fará de mim um infrator contumaz.

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor.

Website: http://www.perisse.com.br/

7 de set. de 2009

Você sabe porque o mar é tão grande, tão imenso, tão poderoso ?


Porque teve humildade de se colocar a alguns centímetros abaixo de todos os rios do mundo.
Sabendo receber, tornou-se grande, se quisesse ser o primeiro, alguns centímetros acima de todos os rios, não seria o mar, mas uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e ele estaria isolado.
É impossível vivermos satisfatoriamente se não aceitarmos a perda, a queda e a morte.
Precisamos aprender a perder, cair, errar e morrer.
Não é possível ganhar, sem saber perder.
Não é possível acertar, sem saber errar.
Não é possível viver, sem saber morrer.
Se você aprender a perder, a cair e errar, ninguém o controlará mais. Pois o máximo que pode acontecer a você é cair, é errar, é perder e isso você já sabe.

Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade
O ganho e a perda,
O acerto e o erro,
O triunfo e a queda,
A vida e a morte.

Autor Desconhecido

6 de set. de 2009

Do blog Tomando na Cuia

05/09/2009

O império contra-ataca

A postura ativa da grande mídia guapa em blindar o governo Yeda e bombar seus aliados é mais uma tentativa de reforçar a imagem do PSDB-Serra que vem por ai. Nem as ações do MPF sobre a corrupção do governo guapo escapam da desqualificação. Quinze dias de Yeda em Sampa (com o silêncio da mídia) já renderam o palanque de Serra por essas terras politizadas (ahahha). O PSDB nacional já fechou o apoio da cúpula do Partido Progressista (PP) do RS à Yeda e a Serra. O dote é a entrega de nacos carnudos dos cargos no governo do RS e, é claro, dar visibilidade política aos parlamentares do PP nas ações e nas obras "laranjas de amostra" no tempo que resta do governo Yeda (PSDB). Essa semana parece ter sido calma, mas foi muito interessante do ponto de vista do xadrez político guasca.

A reação da direita mostra também, mais uma vez, de que lado estão os barões da comunicação, que não exitam em reciclar lixo político e revendê-lo como grife com pompas de novidade. Tudo foi esquecido e a mídia tem memória curta quando se fala dos tantos secretários caídos nesses três anos de Yeda, de tantas armações e falcatruas. Também "esqueceram" que o PSDB, associado ao PMDB e ao PP propuseram manter o tarifaço do govenro Rigotto, e que não se concretizou devido ao rugido das bases desses partidos que rejeitaram defender tamanha incoerência, por isso pressionaram seus deputados na Assembleia a rejeitar o projeto.
A mídia apoiou a venda de 40% do Banrisul, e deu guarida por duas vezes ao governo para que prorrogasse os pedágios até 2028. Nossos âncoras já esqueceram do chefe de gabinete de Yeda, que se mantém no cargo, mesmo que comprovadamente tenha colaborado com a espionagem política de adversários, tendo o aparato de Estado a serviço do PSDB de Lajeado contra o candidato do PT na campanha à prefeitura em 2006. Nem vou falar do assassinato de Jair Costa em 2005 e de Elton Brum em 2009, todos vítimas da violência da Brigada Militar contra os movimentos sociais, temas que já foram amplamente divulgados nesse espaço.

Porém, nada disso que relatei acima é suficiente para impedir a criação do muro da vergonha midiático, contruído às pressas, afinal 2010 e a campanha pró-Serra está aí. Ontem (04), ao final do dia, trancado no trânsito da Capital mais politizada do Brasil, ouvia um jornalista e comunicador da rádio gaúcha no programa das 17h afirmando que "nós" deveríamos ouvir o discurso da governadora na Expointer, pois afinal ela merecia, pois havia chorado, emocionada etc.. Não tive dúvida, desliguei o rádio pois senti uma vergonha danada daquilo tudo.

Aliás, ninguém falou do fracasso de público na Expointer devido aos preços exorbitantes do ingressos cobrados do público e nos estacionamentos do Parque Assis Brasil. A feira se elitizou de vez, do jeito que eles gostam, ficando as forças conservadoras do agronegócio de donos do campinho. O GRUPO, por sua vez, garantiu todos os espaços necessários em seus veículos de mídia para que seus vassalos-comunicadores atacassem com unhas,dentes e gogós a não homologação das atualizações dos índices de produtividade da terra.
Há ! não faltou disparos dos laseres de um comunicador contra o MST e o seu apoio irrestrito a tudo do que é mais atrasado e conservador nesse país. Sobre a morte do agricultor Elton, não se falou mais nada. E aqui vai minha surpresa: O Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, um dos mais atacados pelo GRUPO nessa semana devido ao anúncio do novo indicador de produtividade da terra, foi um dos patrocinadores mais ativos dos programas que atacaram o governo Lula. Que o império contra-ataque é normal, mas não precisa ser a gente a pagar as contas desses comunicadores que sempre demonizaram o PT, Lula e os movimentos sociais .


http://tomandonacuia.blogspot.com/2009/09/o-imperio-contra-ataca.html

4 de set. de 2009

Do blog Quanto tempo dura - Genial...

Comparação

«Estamos constantemente a comparar-nos uns com os outros, com alguém que teve mais sorte, o que somos com aquilo que deveríamos ser. A comparação, de facto, mata. A comparação é degradante, ela perverte a nossa observação. E é no seio da comparação que somos criados.

Toda a nossa educação se baseia na comparação, assim como a nossa cultura. Portanto, existe uma constante luta para sermos uma coisa diferente daquilo que realmente somos.
A compreensão do que somos liberta a criatividade, mas a comparação alimenta a competitividade, a crueldade, a ambição e, pensamos nós, isso gera progresso. O progresso só nos levou até agora a guerras cruéis e à infelicidade como jamais o mundo conheceu. A verdadeira educação é educar as crianças sem comparação.»



J. Krishnamurti, em "Cartas a uma jovem amiga"

A Reencarnação no Plano Social

. Expiação e Progresso



Segundo a Doutrina Espírita, Deus cria os espíritos na simplicidade e na ignorância, tendo tempo e espaço para progredirem. Para que possam desenvolver suas potencialidades necessitam encarnar num corpo material. As encarnações são sucessivas e sempre muito numerosas, pois “o progresso é quase infinito.” (1)

Os espíritos falam sobre o papel da reencarnação na pergunta 167 de O Livro dos espíritos, onde Allan Kardec formula a seguinte questão: “Qual é a finalidade da reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?”

Quando os espíritos respondem primeiramente que a reencarnação tem uma finalidade expiatória, eles não querem dizer que ela seja punitiva e condenatória.

A palavra expiação tem várias acepções (castigo, penitência, cumprimento de pena, sofrer conseqüências de, preces para aplacar a divindade etc.) que são comumente associadas à idéia de pecado e mortificação. Idéia essa estranha à concepção espírita. Considerando as várias acepções existentes, a que mais se acomoda ao que os espíritos colocaram é a de “sofrer conseqüências de”, em conformidade com o livre-arbítrio e a Lei de Ação e Reação.

Sobre a finalidade da encarnação, os espíritos respondem que “Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns, é uma expiação, para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação.” (2)

O termo expiação, usado constantemente pelos espíritos, aparece acompanhado de uma explicação bem sintética e muito densa, quando analisada com mais cuidado.

O espírito, quando encarnado, acha-se sujeito a uma série de limitações impostas pelo seu corpo físico. Há as dificuldades de comunicação, transporte e a falta de uma série de instrumentos que o corpo não possui. “No físico, o homem é como os animais e menos bem provido que muitos dentre eles; a natureza lhes deu tudo aquilo que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para prover às suas necessidades e à sua conservação”. (3)

O ser humano, desde as cavernas até os nossos dias, tem buscado vencer suas limitações como espírito encarnado. Depois de um processo incessante de conhecimento e domínio da natureza, ele hoje exerce sobre ela um controle quase que total. Os transportes, os meios de comunicação, estão bem avançados e há um desenvolvimento das ciências nunca antes presenciado pela humanidade.

As vicissitudes da vida, que os espíritos responderam como sendo uma expiação ou missão, dependendo de cada um, têm levado o ser humano a desenvolver a sua inteligência para prover as suas exigências biológicas que, pela própria natureza humana, extrapolam o plano material, para se colocarem no plano moral e social. Através do contato interpessoal também busca a satisfação de necessidades de ordem psicológica pelo convívio, afeto e troca de emoções. Tais necessidades podem caracterizar uma situação de expiação, dependendo da forma como ele se relaciona e do grau evolutivo em que se encontre.

Para o Espiritismo, expiação, em suma, não tem significado de penitência, condenação ou punição. Seu significado, como os espíritos estabeleceram, é o de desafio à inteligência e à condição moral do espírito. Um desafio constante que visa promover o progresso individual e coletivo.

2. Visão Deturpada



Porém, para muitos, a reencarnação é tida unicamente como punição que o sujeito sofre pelas faltas cometidas em outras existências.

A Lei de Ação e Reação é considerada como uma lei mecanicista, que provoca situações determinadas autoritariamente por espíritos elevados, à revelia do reencarnante. Transparece a idéia de castigo divino, disfarçada por uma visão distorcida de muitos conceitos espíritas.

A influência do cristianismo ainda é muito forte, pois a nossa formação cultural se encontra imersa na idéias cristãs. Isso ocasiona, a priori, uma postura ideológica de rejeição quase que imediata, diante de qualquer conhecimento novo, ou de adaptação, aprisionando determinados conceitos espíritas ao pré-conceito já estabelecido ao longo das existências. É o que vem acontecendo no meio espírita onde a influência, principalmente do catolicismo, é muito marcante.

As visões deturpadas que se têm dos princípios fundamentais do Espiritismo provocam análises ingênuas, permeadas de misticismo e intenções salvacionistas. A Lei de Ação e Reação, aplicada mediante a reencarnação, vem assim fundamentar a idéia de que o nosso planeta seja um local de sofrimento, que viemos aqui para pagar e sofrer, tendo que nos conformar com a nossa situação existencial. E, para enfrentar tal realidade, busca-se a “reforma íntima” para se livrar do expurgo do Terceiro Milênio, transportando para o Espiritismo a idéia de Juízo Final, aceita pelo cristianismo.

3. Reencarnação e Alienação



Esses pensamentos fatalistas e antidoutrinários aprisionam as pessoas num moralismo bitolante, estabelecem um modelo de comportamento inautêntico, que busca mudanças através de um conjunto de regras, onde o mundo passa a ser dividido de forma maniqueísta, entre o que se deve e o que não se deve fazer.

Devido a essas deturpações doutrinárias, efetuadas pelos espíritas desde que o Espiritismo começou a se difundir no Brasil, ele tem sido considerado, por eminentes pensadores de nossa época, como uma religião conformista, que anestesia as consciências, alienando os indivíduos dos problemas atuais, devido à visão de resignação que, segundo eles, é instituída pela idéia da reencarnação.

O Espiritismo é, acima de tudo, uma nova ordem de idéias acerca da vida e da existência do ser humano como criatura imortal e perfectível, tendo todas as condições conceituais para ajudar a promover uma revolução cultural no nosso planeta.

A lei dos renascimentos sucessivos, segundo a visão espírita, abre perspectivas nunca antes contempladas. A imortalidade, exercitada pelo espírito ao longo de suas existências num processo contínuo de evolução infinita, vem elucidar uma série de questões que vão desde o plano biológico, psicológico ao plano social, até então inexplicáveis, tanto pelos espiritualistas como pelos estudiosos das leis que regem o mundo material.

Conforme Allan Kardec, “a encarnação não é uma punição como pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do espírito e um meio dele progredir” (4); “a encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito; ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas e más qualidades”. (5)

4 - O Social na Visão Reencarnacionista



O retorno à vida corporal demonstra a soberana bondade e justiça do Criador, que sempre oferece uma nova oportunidade de reajuste e continuidade do trabalho não concluído. Faz parte da Lei de Progresso, que ocorre tanto em nível individual como coletivo, onde os planetas e até as galáxias acham-se submetidos à evolução.

O espírito, de posse de seu livre arbítrio, estabelece a sua situação no relacionamento com os companheiros em evolução, frente a problemas que necessita solucionar através do trabalho constante. Estando encarnado, dá continuidade ao seu processo de crescimento em todos os sentidos. Os sofrimentos individuais e coletivos têm, desse modo, a sua razão de ser, pois cada um constrói a sua própria vida e está aqui não para simplesmente sofrer, de forma abnegada e impassível, mas para vencer a si mesmo e superar os problemas causados pelas suas imperfeições, sua inexperiência, seja na família ou na sociedade.

Todos os obstáculos a serem removidos pela nossa atuação não existem ao acaso. Por outro lado, a nossa existência não é projetada arbitrariamente pelo “plano espiritual”. Trata-se de uma condição natural determinada pelo nosso estágio evolutivo.

A injustiça e a opressão sociais estabelecem relações que definem situações existenciais utilizadas pela Natureza para a evolução dos espíritos, que pelas suas necessidades de reajuste educativo, reencarnam em um meio adequado e conveniente para com o gênero de provas no qual aspiram.

A escolha das provas existenciais que desejam experimentar é feita livremente, de acordo com sua capacidade e merecimento, assessorados, segundo a teoria espírita, por espíritos mais elevados, responsáveis pelos renascimentos físicos. As chamadas provas existem para serem enfrentadas e vencidas, constituindo um desafio para o espírito, artífice da sua própria evolução.

O entendimento da lógica da organização social necessita do conhecimento de sua estruturação interna e de como se deu historicamente o estabelecimento das atuais relações econômicas.

A leitura e o estudo de diversos pensadores que se debruçaram sobre as questões sócio-econômicas, como Keynes, Marx, Engels, Weber etc., ao lado da Kardequiana e de seus continuadores, oferece condições para que haja uma interpenetração conceitual, que resultará numa visão fundamentada do fenômeno social segundo o Espiritismo. No entanto, o que se tem notado no movimento espírita é uma reação a qualquer tentativa de se intervir no plano social, cabendo lembrar a pressão e a marginalização que sofreram os integrantes do MUE (Movimento Universitário Espírita) nos anos 60, que marca um deprimente episódio da história do Espiritismo no Brasil.

A problemática social ainda é justificada inocentemente pela Lei de Ação e Reação e se não tomarmos cuidado, repetiremos erros históricos, como no caso da Índia, onde as castas eram justificadas pela reencarnação devido a interesses ideológicos que desfiguram a sua divulgação para as massas.

O social, dentro da perspectiva reencarnacionista, apoiada nas teorias sociológicas, torna-se mais abrangente, abrindo campos de análise ainda desconsiderados pelos cientistas sociais e pelos próprios espíritas. O seu entendimento possibilita condições para se analisar a injustiça e as desigualdades sociais, onde os espíritos encarnados diante de tal quadro, geram conflitos necessários à mudança da ordem social, em busca de seu bem-estar, caracterizando tais conflitos, o que Karl Marx denominou de luta de classes. “As convulsões sociais são a revolta dos espíritos encarnados contra o mal que os oprime, índice de que anseiam por um reino de justiça, do qual têm sede, sem entretanto saberem bem o que querem e os meios de consegui-los.” (6)

“O bem-estar é um desejo natural” (7) que predomina em todos os homens. Se desprovidos das condições essenciais para a sua reprodução e conservação, se revoltam violentamente ou, em outro extremo, devido à ideologia dominante e conservadora, se conformam. A busca do bem-estar, segundo o Espiritismo, é necessária e nunca será um crime se for conquistada sem o prejuízo de alguém.

Os espíritos sustentam que as desigualdades sociais não são obra de Deus, são obras dos homens e serão eles próprios que através de existências sucessivas irão eliminando essas desigualdades.

Humberto Mariotti, em sua magistral obra Parapsicologia e Materialismo Histórico (Edicel - 2ª edição/cap. XVI) coloca o seguinte:

“A reencarnação, ou lei palingenésica, não justificará, como ainda se pretende, as desigualdades sociais. A lei de causalidade espiritual ou existencial não determina as formas de sociedade, pois o destino individual do homem carece de força histórica para estabelecer um regime social, baseado no sistema de propriedade privada”, e acrescenta ainda que “a lei de renascimento origina destinos individuais, mas não poderá jamais determinar sistemas sociais. Os sistemas ou formas de convivência social, estabelece-os a ciência da sociedade, elaborada pelo mais brilhantes espíritos”.

A existência de comunidades desprovidas de recursos essenciais a sua existência nunca será legitimada pela reencarnação, pois sabemos que, historicamente, os ricos sempre foram minoria, havendo portanto uma desproporção aritmética entre ricos e pobres que, em todos as épocas da humanidade, constituíram a grande massa.

A aceitação conformista dos problemas de natureza econômica e política, concebendo-os como algo estático e insensível a mudanças pelas nossas ações, vem atender aos interesses de uma elite que quer se perpetuar no poder. A necessidade de se transformar a nossa sociedade desigual em uma sociedade igualitária torna-se um dever, implicando numa melhoria do planeta em que vivemos a fim de que todos possamos progredir de forma sadia e adequada.

5. Individual e Coletivo

Através da reencarnação ocorre uma integração constante entre o mundo físico e o extrafísico. Um reage sobre o outro, incessantemente. Tanto os espíritos quanto os homens, que são também espíritos, desempenham um papel imprescindível no aperfeiçoamento da humanidade, pois além de promoverem seu progresso individual, estão colocados “em condições de enfrentar sua parte na obra da criação.” (8)

Afirma o pensador espírita Herculano Pires, com muita propriedade, que “a renovação do homem implica a renovação social, mas desde que o homem renovado se empenhe na transformação do meio que vive, sendo esta, aliás, a sua indeclinável obrigação.” (9)

Essa posição é reafirmada por Herculano nas seguintes palavras: “melhorar apenas o homem numa estrutura imoral equivaleria a melhorar a estrutura com um homem imoral” (10) e “transformar o mundo pela transformação do homem e transformar o homem pela transformação do mundo, eis a dialética do Reino.” (11)

É um equívoco pensar que o Espiritismo propõe a renovação social a partir de uma transformação individualista e que os seus princípios levem o indivíduo a promover a sua transformação na intimidade de sua consciência, sem se politizar e desempenhar o seu papel social como espírita e ser político que é.

Allan Kardec afirma que o “resultado de todos os progressos individuais é o progresso geral” (12) e complementa essa afirmação ao dizer que “a aspiração do homem por uma ordem de coisas melhor que a atual é um indício certo da possibilidade de que chegará a ela. Cabe, pois, aos homens amantes do progresso, ativar este movimento pelo estudo e a prática dos meios que julgam mais eficazes.” (13)

O homem, “concorrendo para a obra geral, também progride” (14). É parte primordial da sociedade e a sociedade, seu espaço de integração. Assim como não pode viver sem a sociedade, a sociedade sem ele deixaria de existir. Um reafirma o outro. “No isolamento o homem se embrutece e se estiola” (15) e a necessidade de sociabilização se impõe como um impulso natural, necessário para o seu progresso e o da coletividade.

Pelos renascimentos sucessivos, o trabalho elaborado em prol de uma sociedade mais fraterna nunca será em vão, pois além de ser uma herança para os que momentaneamente permanecem encarnados, será uma futura recompensa para quem reencontrar a realidade que ajudou a transformar.



Notas Bibliográficas



(1) O Livro dos Espíritos – Allan Kardec - pergunta 169 (Lake - 41ª edição).

(2) Idem – pergunta 132.

(3) Idem – pergunta 592.

(4) A Gênese – Allan Kardec - cap. XI - item 26 (FEB - 20ª edição).

(5) O Céu e o Inferno – Allan Kardec - cap. VIII/&8. (FEB - 22ª edição).

(6) Obras Póstumas – Allan Kardec - 1ª parte/As Expiações Coletivas (Lake - 2ª edição).

(7) O Livro dos Espíritos – pergunta 719.

(8) Idem – pergunta 132.

(9) Espiritismo Dialético – J .Herculano Pires; O Indivíduo e o Meio. (edições A Fagulha - MUE).

(10) O Reino – J.Herculano Pires. Cap. VIII (Edicel - 1ª edição).

(11) Idem – cap. VIII.

(12) Obras Póstumas – Allan Kardec - 2ª parte/Credo Espírita.

(13) Idem – Allan Kardec - 2ª parte/Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

(14) O Livro dos Espíritos – pergunta 132.

(15) Idem – pergunta 768.



Texto originalmente publicado no periódico santista Espiritismo e Unificação (maio de 1985).



Eugenio Lara é arquiteto e jornalista. Membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc) e do Instituto Cultural Kardecista de Santos, redator do jornal espírita Abertura e um dos coordenadores do site PENSE - Pensamento Social Espírita.


http://povodearuanda.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=115&Itemid=1

3 de set. de 2009

O homem como mídia


24/7/2006 17:24:21

Vivemos na Economia das Redes, na era do interligado, do interconectado, das trocas incessantes. Trocamos a todo momento informações, recursos, impressões, sensações, experiências, idéias, opiniões... Influenciamos e somos influenciados diuturnamente por nossos semelhantes. O Fator Relacionamento assume cada vez mais peso na Economia e no equilíbrio das forças mercadológicas, uma vez que temos muito mais informação, acesso e, portanto, capacidade de formar opinião e ler realidades.

A cada momento brotam comunidades, micro-sociedades, grupos e tribos auto-organizadas por interesses, gostos, hábitos, regiões, comportamento, pontos de vista. É o Homem procurando seu similar, seu igual em qualquer canto do mundo. Religiões, valores, crenças, culturas, doutrinas e preferências são aglutinadores mais que poderosos. O mundo se redefine a todo instante sócio-geo-politicamente, se reorganizando em novos grupos, transnacionais, transregionais, meta-étnicos.

Aonde vamos parar é uma resposta inexata - aliás, não há resposta para essa pergunta. O Homem é o único animal capaz de planejar e alterar seu destino. O todo social é fruto da construção do um, somado ao um e ao um e ao um, elevado à enésima potência, com diversos vetores, a todo instante. Justamente por isso as redes (não só locais, mas virtuais), frutos dessas interações infinitas, são o novo emaranhado social, o novo tecido que dará o tom da nossa sociedade, rediscutindo valores, relendo a História, reinterpretando fatos, reavaliando propostas, recriando mercados.

A Internet e as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) são o fermento de todo esse processo de natureza eminentemente humana. É do Homem querer trocar, comerciar, aprender, imitar, influenciar. E é exponencial esse processo bio-sociológico do Homem na Era Digital das micro-redes que formam a Grande Rede.

Esse novo Mercado está em equilíbrio dinâmico; ou seja, a cada nova interação se cria um novo patamar de equilíbrio mercadológico, diferente do anterior. A cada novo patamar, variáveis novas aparecem, novos comportamentos aparecem, velhos paradigmas ficam para trás. Esse novo Mercado não é estático, não é perene, não tem dono; somente atores. O equilíbrio das forças é derivado direto do poder de cada ator e do poder dos grupos (permanentes ou temporários) formados por esses atores - que representam interesses diversos, modus vivendi e modus operandi diversos. Por isso é tão dinâmico e tão mais potencialmente democrático.

Todos sabemos que as redes de informação - que antes estavam confinadas à proximidade física - agora ficaram globais e intermitentes por conta da Internet. A Grande Rede é, no fundo, uma mega arquitetura mutante, pseudo-desorganizada, de computadores, hand-helds, celulares, TVs e demais devices com acesso à Rede. O mundo do IP determinará o novo padrão das trocas entre os humanos, seja das trocas de informação e recursos, seja transações mesmo. Aumentam-se assim as possibilidades por se aumentar a instantaneidade e a riqueza informacional. Pesquisar, checar, informar, ofertar, requisitar e comparar são tarefas mais fáceis, mais possíveis a cada um.

A Informação é o recurso básico dessa nova Economia que transforma tudo em informação - de produtos e conhecimento à capital financeiro, que migra a todo segundo de transferência eletrônica a transferência eletrônica em formato de informação. Tudo que pode ser transformado em bit pode ser considerado informação.

Esse fluxo infinito de informações tem valor - valores diferentes para agentes econômicos diferentes em momentos e ocasiões diferentes. A informação de valor a um agente é aquela capaz de ser processada, de ser entendida, tratada, trocada e armazenada. Esse processo é feito pelas diversas mídias disponíveis (PCs, TVs, Celulares, etc), desde que estes estejam conectados à Rede. A natureza e variedade desses devices somente aumentarão com o tempo. Tudo que puder estar online estará. Relógios, roupas, óculos, eletro-domésticos, eletro-eletrônicos... tudo poderá trocar informação, via rede, com os outros devices servindo a outros atores.

Minha leitura é que nós humanos - aparentemente fornecedores e usuários dessas informações - agentes de interação pontual com a Rede seremos, cada vez mais, como parte integrante online desta Rede.

A revolução digital, principalmente a wireless, está se permeando entre nós, guiada por uma explosão de novas diretrizes e tecnologias que foram, uma vez, o mundo da ficção científica e de seus heróis. Os telefones celulares, os palm-tops, handhelds, laptops e as redes sem fios fazem a Internet virtualmente acessível em qualquer lugar, a qualquer momento. Hoje isso já é possível, mas amanhã teremos a Web realmente transparente, praticamente uma utilitie, perceptível somente quando em falta, como já ocorre com a energia elétrica e o gás.

Neste momento, quando tudo estiver online, cada ser humano será um nó ativo no fluxo online e instantâneo de informações. Por este nó de rede passarão os impulsos informacionais. É mais ou menos como se cada Ser Humano fosse um elo na arquitetura da mega rede de informações, assim como os computadores já o são. Ou seja, como se cada Humano fosse, em si, também mídia para essas informações, uma vez que a produz, transforma, trata, armazena, dissemina e troca.

Esse novo Ser Humano digital - o Homus Informatione - terá acesso instantaneamente à informação, captando-a, traduzindo-a, disseminando-a, mas principalmente, criando novas informações, gerando conhecimento, deixando suas pegadas, tornando-se, ele próprio, em informação. Analogamente, é como se cada ser humano, nesta rede de informações fosse similar a um poste de energia elétrica na rede de distribuição e gerenciamento de energia.

Sem dúvida alguma migraremos para essa realidade. E quando isso ocorrer, toda uma nova Economia, novos mercados com novos valores e práticas brotarão. Muitos morrerão, muitos sobreviverão, outros nascerão. Vale lembrar, porém, que, atualmente, a digitalização é uma grandeza ofertada somente a poucas pessoas no mundo - algo exclusivo das classes e países mais ricos. A inclusão digital é um imperativo para que essa nova Economia - mais transparente, pulsante e democrática - cresça, eliminando os vícios de concentração e exclusão daquela oriunda da lógica agro-industrial.

Estamos em um momento real de transição e é nesses momentos que se definem os futuros possíveis da evolução humana. Que futuro queremos? Que Economia queremos? Que lógica política queremos? Por isso tenho dito que as tecnologias sociais, em conjunto com educação e estímulo à auto-educação, são o investimento de base mais importante para o sucesso desse novo milênio.

Daniel Domeneghetti é sócio-fundador e diretor de Estratégia e Conhecimento da E-Consulting Corp., CEO da DOM & Partners Strategy Consultants e vice-presidente de Estratégia, Métricas e Conhecimento da Camara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico)

http://www.b2bmagazine.com.br/web/interna.asp?id_canais=4&id_subcanais=24&id_noticia=16774&nome=&descricao=&foto=&colunista=1&pg=

A Ideologia no Fundamento do Marketing e do Branding

Fevereiro 18, 2009

Posted by thedomnetwork in Ativos Intangíveis.
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O conjunto de crenças e orientações adquirem validade à medida em que o universo é percebido e interpretado pela estrutura cognitiva dos indivíduos, proporcionando-lhes uma fórmula prescrita que funciona como um guia para ação e julgamentos individuais e coletivos, servindo ao mesmo tempo de instrumento de controle, de conflito, de integração e seleção/escolha/consumo.

Esse conjunto de crenças e orientações serve, igualmente, de instrumento de auto-identificação permitindo aos Homens verem o mundo, a si próprios, aos semelhantes (grupos, redes, clusters, etc) e aos diferentes, como também esperam que outros vejam e interpretem suas ações e escolhas à luz desse conjunto pré-definido de crenças e valores.Devemos ressaltar igualmente que a maior função da ideologia, também entendida como um conjunto de crenças e orientações, é se perpetuar nos indivíduos e grupos, servindo como força dinâmica na vida individual e coletiva, proporcionando um sentimento de identidade e propósito, induzindo um resultante comprometimento à ação. Em suma, fazer marketing e branding eficazmente deve compreender essa dinâmica, uma vez que mudar comportamentos, opiniões, crenças e, portanto, ação/decisão de consumo é tudo que se almeja com essas disciplinas.

Partindo da premissa de que as ideologias se caracterizam por crenças e ações, podemos afirmar que estas são determinadas pelos interesses dos homens em relação aos recursos sociais e econômicos, tais como prestígio, reputação, diferenciação, reconhecimento e riqueza. São, portanto, interesses materiais – mas também subjetivos – racionalizados politicamente para a fundamentação (ou reforço) do status individual. As ideologias são, portanto, formas de racionalização criadas pelos Homens como recursos ou explicações (justificativas) para a vida – e aprovação – em sociedade, elaborando padrões de comportamento para se ajustar e sobressair nas diferentes situações sociais.

De outra forma, as ideologias são recursos criados para dar vazão aos conflitos em situações contraditórias em que as limitações humanas não encontram respostas adequadas à sua sobrevivência. Isto representa que o Homem na sociedade para suprir seu sentimento de inferioridade, insegurança, impotência, solidão e insignificância busca ideologias que apresentem respostas para os seus problemas (geralmente respostas que sejam simples e amplas), que não gerem desafios à sua compreensão e que dêem a ele a sensação de superioridade, segurança, poder e integração no meio social e natural, a fim de que consiga viver em comunidade, obtendo auto-estima e auto-realização através de prestígio e glória na arena pública.

Entendemos que as ideologias, como crenças básicas, nascem geralmente em condições de crises, incluindo várias camadas de pensamento, valores e símbolos significativos, traduzindo-se como um padrão sistemático de pensamento. Isto quer dizer que ela é, ao mesmo tempo, empírica e normativa, assim como tende a ser para um determinado grupo classe ou sociedade exclusiva, absoluta e universal. A ideologia, como um conjunto de normas que define, regula e controla a conduta humana, é personalizada e escrituralizada, sendo também um fator de resistência às mudanças. Entretanto, em situação de crise, ocorre uma diminuição do comprometimento ideológico com as mesmas, abrindo espaço para mudanças mais facilitadas.

As mudanças que verificamos na vida social e nos padrões econômicos e de consumo são forças sociais que provocam alterações na estrutura e funcionamento das sociedades. Estas forças atuam nas formas e práticas sociais, provocando substituições, reformas parciais ou mudanças radicais na estrutura em suas instituições, assim como na tecnologia, nos valores básicos da sociedade e, principalmente na ideologia, implementando um novo curso social através de um novo conjunto de crenças e orientações.

As substituições de velhos por novos valores e princípios (e gostos e preferências), reformando as idéias do mundo em que se vive é o que se chama de evolução social (geralmente geracional). As mudanças na sociedade são contínuas através de seus constantes agentes, como, por exemplo, o avanço da tecnologia (vide Internet), que provoca uma interação entre o pensamento humano e o meio ambiente mais profunda, pois as idéias resultam em ações que podem ser comprovadas através de diferentes maneiras, sendo as mais importantes a investigação científica e as pesquisas de mercado, comportamento, atitudes, etc…, que darão maiores e melhores informações da essência do fenômeno de mudança no meio social.

O estudo sociológico da realidade econômica, mercadológica e, conseqüentemente, das organizações e seus produtos, serviços, propostas, posturas, opiniões, valores… focaliza como as relações estão organizadas e como poderão evoluir, uma vez compreendidas as crenças e valores da outra parte da equação – o indivíduo cidadão, consumidor, investidor.

No final do dia, marketing e branding são sobre conhecer o ser-humano e criar modelos capazes de promover as mudanças sociais, econômicas e, portanto, de consumo, relevantes para os objetivos e propostas de valor de cada empresa/marca. Não se engane leitor. Muito dos fracassos retumbantes das ações de marketing e branding dos últimos anos não se deveu à falta de capital ou de informações sobre os concorrentes. O que faltou, sim, foi a correta compreensão do entorno social de atuação do produto/marca da empresa e, principalmente, das condições de comportamento, escolha, decisão e ação do indivíduo social chamado cliente/consumidor… aquele mesmo stakeholder que é responsável pelo bottom-line da performance das empresas.

Gripe e outras conspirações

Ivan Lessa em ilustração de Baptistão

Falou em conspiração, estou nessa. Assassinato de Getúlio, Juscelino, Lacerda e, para deixarmos de provincianismos, assassinatos de Kennedy, Elvis e, agora, oba!, Michael Jackson. Sem teorias conspiratórias a vida não tem a menor graça. Vivam elas com seus mortos todos.

Vamos a um assunto corrente. A gripe suína. Pera aí! Era “suína”, de repente virou gripe H1N1. Hmm. Sou informado também que há variações, H2,N1 e por aí afora. Todas matam. A mudança de nome é sintomática da tentativa de acobertar alguma canalhice. Se tivemos as gripes aviaria, asiática e a terrível espanhola, por que só essa ganha nome de meia equação?

Circulam virais, como potentes vírus, algumas variações interessantes de algumas teorias a respeito da enfermidade infecciosa virótica que, de alguns meses para cá, ocupa os manchetes dos contagiantes meios de comunicação, que, aliás, já me recomendaram, só ler ou ver na TV protegido com uma máscara azul cerúleo a me cobrir boca e nariz. E lavar muito e várias vezes por dias, cuidadosamente, as mãos.

Limito-me a resumir e passar adiante, como um resfriado à toa, uma pequena porém enfezada teoria conspiratória. Além do mais ando me sentindo lerdo e quiçá (principalmente quiçá) febril. Será a suína, a H1N1 ou a corrente de ar na sala em que trabalho?

O aviso veio sem assinatura, que é como melhor age e nos contagiam as teorias conspiratórias. Nada que é anônimo deve ser ignorado. Tem título com reticência, três pontos de exclamação e muita palavra em negrito, sempre três bons sinais, ou sintomas. Assim, ó: “Pandemia… de lucro!!!”

Assoo o nariz, cato o lenço e sigo em frente. Aspas para a teoria:

“Que interesses econômicos se movem por detrás da gripe suína? No mundo, a cada ano morrem milhões (assim mesmo, em negrito) de pessoas vítimas da Malária (de novo) que se poderia prevenir com um simples mosquiteiro.

Os noticiários nada disto falam!

No mundo, por ano, morrem 2 milhões de crianças com diarreia que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos.

Sarampo, pneumonia e enfermidades evitáveis com vacinas baratas provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano.

Os noticiários disto nada falam!

Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves… os noticiários mundiais inundaram-se de notícias. Uma epidemia, a mais perigosa de todas… Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves.

Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas em 10 anos. 25 mortos por ano.

A gripe comum, (olha essa vírgula!!!)mata meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25.

Um momento, um momento. Então porque se armou tanto escândalo com a gripe das aves?

Porque atrás desses frangos havia um “galo” de crista grande.

A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflú (jura que tem esse acento?) vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflú (jura mesmo?) seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população.

Com a gripe das aves, a Roche e a Realenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais obtiveram milhões de dólares de lucro.

Antes com os frangos e agora com os porcos.”

****

Encerro minha transcrição por aqui. Ignorei outro e-mail que me informa do aumento de suicídios devido à… pandemia? Acabo de receber fotos autênticas provando que os americanos nunca foram à Lua e que aquela encenação toda ocorreu num deserto no estado do Arizona. Deserto aliás da propriedade de Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa de George Bush, artífice da guerra contra o Iraque. Rumsfeld é, para vocês verem, segundo a teoria conspiratória ora em vigor, o principal acionista da Gilead Sciences, empresa norte-americana. Rumsfeld marcou ponto, pois, em duas teorias conspiratórias quentérrimas.

Alguém já procurou saber onde estava Donald Rumsfeld no dia 22 de Novembro de 1963?

Eu daria uma conferida nisso.

Depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, diz OMS

Da BBC-Brasil

Segundo OMS, pobres sofrem mais com problema que ricos

Dados divulgados nesta quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção.

De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos.

Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos países em desenvolvimento, segundo a OMS. As informações foram divulgadas durante a primeira Cúpula Global de Saúde Mental, realizada em Atenas, na Grécia.

"Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em termos de perdas para as pessoas afetadas) vai provavelmente aumentar, de modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde", afirmou à BBC o médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS.

Ainda segundo Saxena, a depressão é mais comum do que outras doenças que são mais temidas pela população, como a Aids ou o câncer.

"Nós poderíamos chamar isso de uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo."

Pobres

Segundo o médico, os custos da depressão serão sentidos de maneira mais aguda nos países em desenvolvimento, já que eles registram mais casos da doença e têm menos recursos para tratar de transtornos mentais.

"Nós temos dados que apontam que os países mais pobres têm (mais casos de) depressão do que os países ricos. Além disso, até mesmo as pessoas pobres que vivem em países ricos têm maior incidência de depressão do que as pessoas ricas destes mesmos países", afirma Saxena.

"A depressão tem diversas causas, algumas delas biológicas, mas parte dessas causas vem de pressões ambientais e, obviamente, as pessoas pobres sofrem mais estresse em seu dia-a-dia do que as pessoas ricas, e não é surpreendente que elas tenham mais depressão."

Segundo o médico, o aumento nos casos de depressão e os custos econômicos e sociais da doença tornam mais urgentes uma mudança de atitude em relação ao problema.

"A depressão é uma doença como qualquer outra doença física, e as pessoas têm o direito de ser aconselhadas e receber o mesmo cuidado médico que é dado no caso de qualquer outra doença."

2 de set. de 2009

O mundo precisa de mais tempo

Pela lógica do mercado, tempo é dinheiro.

Acordo às 6 horas da manhã. As 7 embarco num ônibus. As 8 estou trabalhando. Paro 1 hora (olhe lá) para o almoço.
Saio às 18 hs, depois de um dia de correria.
Pego um onibus lotado. Gente por tudo que é lado.
Suado, cansado, angustiado.
Penso nas contas pra pagar. Agua, luz, telefone, celular, internet, sky, cartões e cartões.
Ufa.
Mas se não der o salário faço um empréstimo.
Chego em casa. São quase 21 horas.
Os filhos já foram dormir.
Minha mulher assiste TV.
"O jantar tá no fogão, beeem".
Tomo um banho pra reanimar.
Ai que dor no peito. Minha gastrite tambem deu de incomodar.
Mas não posso ficar doente.
Quem vai pagar minhas contas?

Vou dormir.
Amanhã mais um dia igual.

Ainda bem que no final de semana tem futebol.


Pela lógica do mercado, tempo é dinheiro.

31 de ago. de 2009

COMENTÁRIOS DE UMA HOLANDESA SOBRE O BRASIL.


Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. E realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos.
Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores, porque não há nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e (pasmem!) se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.
Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos - antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.
Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.
Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris , os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir para lá dar aulas de como conquistar o cliente."
Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.
O Brasil tem uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.
Os brasileiros são vítimas de vários crimes contra sua pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros, mais esclarecidos, sabem que têm muitas razões para resgatar as raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Eleitoral (TRE)estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em check a credibilidade do processo.

5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40 do mercado na América Latina .

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650mil novas habilitações a cada mês.

9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México , são apenas 300 empresas e 265 na Argentina .

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

12. Por que não se orgulhar em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

13. Que o Brasil tem o mais moderno sistema bancário do planeta?

14. Que as agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

15. Por que não se fala que o Brasil é o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

16. Por que não dizer que o Brasil é hoje a terceira maior democracia do mundo?

17. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

18. Por que não lembrar que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

19. Por que não se orgulhar de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando. É! O Brasil é um país abençoado de fato.

20. Que os brasileiros são considerados os maiores amantes do mundo, enquanto que os ingleses e os árabes são os piores?

21. Que os brasileiros tomam banho todos os dias, às vezes mais de um por dia enquanto que os europeus tomam em média um por semana?

Fonte: http://www.faculdademental.com.br/nossosColunistas2.php?not_id=0000471
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